quinta-feira, 21 de julho de 2011

Piscicultura: Uma alternativa para o produtor rural.




Aqüicultura: é o processo de produção em cativeiro de organismos com hábitat predominantemente aquático, em qualquer estágio de desenvolvimento, ou seja: ovos, larvas, pós-larvas, juvenis ou adultos. São três os fatores que caracterizam essa atividade: o organismo produzido é aquícola, existe um manejo visando à produção, e a criação tem um proprietário, isto é, não é um bem coletivo como são as populações exploradas pela pesca.
A aqüicultura moderna está embasada em três pilares: a produção lucrativa, a preservação do meio ambiente e o desenvolvimento social.
O cultivo de peixes (piscicultura) constitui o grupo mais importante da aqüicultura mundial, sendo responsáveis por 52,5% da produção aqüícola. O restante é dividido entre o cultivo de algas (20%), moluscos (24%) e crustáceos (4%).
Houve um crescimento anual de 6,46 quilos para 9,03 quilos por habitante entre 2003 e 2009, o que representou um aumento de 39,78% nos últimos sete anos.
O aumento foi comemorado pelo Ministério da Pesca e Aqüicultura, que superou em 2009 a meta de consumo de 9 quilos por habitante/ano, prevista inicialmente para 2011.
Apesar disso, o consumo dos brasileiros ainda está abaixo do patamar considerado ideal pela OMS (Organização Mundial de Saúde) de 12 quilos por pessoa ao ano. O resultado é conseqüência das políticas de desenvolvimento do setor, principalmente com relação ao cultivo de peixes em cativeiro que vem crescendo de forma significativa, mas também do aumento da renda média do brasileiro.
No estudo Consumo Per Capita Aparente de Pescado no Brasil foi verificado um crescimento anual em torno de 6% no período analisado. Somente entre 2008 e 2009, esse aumento chegou a 8%, com um volume total consumido pela população saindo de 1,5 milhões para 1,7 milhões de toneladas.
Do total consumido no Brasil, 69,4% é produzido no território nacional e 30,6% vêm de países como Chile, Noruega e Argentina.
A pesquisa mostrou ainda que 96% da produção nacional em 2009 foi comercializada no mercado interno e apenas 4% dos produtos foram destinados à exportação.
Ao contrário das atividades agropecuárias tradicionais (bovinocultura, suinocultura, etc.) em que se cultiva um número pequeno de espécies, na aqüicultura brasileira mais de 64 espécies animais estão sendo exploradas comercial ou experimentalmente. Os peixes são maioria absoluta com utilização de mais de 51 espécies, seguidos pelos crustáceos (5) e moluscos (4). Anfíbios, répteis e algas somam quatro espécies.
A piscicultura é uma atividade que vem se desenvolvendo em um ritmo muito acelerado (aproximadamente 30% ano) no Brasil. Este índice é muito superior ao obtido na maioria das atividades agropecuárias mais tradicionais. Isso se deve ao fato da piscicultura possuir uma boa lucratividade, no entanto, devemos considerar também que, muitas das pessoas que decidem investir na produção de peixes não têm a menor idéia do que venha a ser criar com qualidade, baixo custo e sustentabilidade.
ECOSSISTEMA AQÜACULTURAL

Um tanque de criação de peixes, apesar de total ou parcialmente controlado, constitui um sistema ecológico complexo que deve ser conhecido e estudado, pois todos os seus aspectos (qualidade da água, temperatura, oxigênio dissolvido, etc.) sofrem ação do meio ambiente. Assim, sendo um tanque de piscicultura um ecossistema, ainda que artificial, deve-se conhecer os organismos que o compõe bem como a cadeia alimentar em que eles estão inseridos para saber as perdas de energia entre organismos produtores até os decompositores.
A ÁGUA

Um tanque de criação de peixes, apesar de total ou parcialmente controlado, constitui um sistema ecológico complexo que deve ser conhecido e estudado pois todos os seus aspectos (qualidade da água, temperatura, oxigênio dissolvido, etc.) sofrem ação do meio ambiente. Assim, sendo um tanque de piscicultura um ecossistema, ainda que artificial, deve-se conhecer os organismos que o compõe bem como a cadeia alimentar em que eles estão inseridos para saber as perdas de energia entre organismos produtores até os decompositores.


Os componentes do ambiente aquático foram didaticamente divididos nas seguintes categorias ou classes:
Plâncton - são organismos microscópicos que possuem pequena capacidade de movimentação e portanto flutuam livremente nas águas. Podem ser de origem animal (zooplâncton) ou vegetal (fitoplâncton) e constituem a base da cadeia alimentar. O zooplâncton é representado, no tocante a piscicultura, pelos protozoários, rotíferos e micro-crustáceos. Já o fitoplâncton é composto por organismos autotróficos (produtores) representados por alguns tipos de bactérias e algas de diferentes classes.
Nêuston - são organismos que permanecem na região entre a água e o ar. Fazem parte desta classe alguns fungos, bactérias, algas e até insetos e outros animais. Ex.: Aranha d'água.
Nécton - organismos vertebrados que apresentam grande poder de locomoção e são capazes de vencer a correnteza. São representados pelos peixes e alguns anfíbios, répteis e mamíferos.
Bentos - organismos que habitam o fundo (sedimento) dos tanques, representados, entre outros, por larvas de insetos, algas, moluscos, algumas bactérias e fugos. De modo geral estes são os responsáveis pela decomposição e reciclagem dos nutrientes.
Perifíton - organismos microscópicos, formados por bactérias, algas, animais e fungos que ficam aderidos a todo material do fundo dos tanques (canos, pedras, troncos, raízes, etc.).
Macrófitas aquáticas - vegetais superiores que permanecem ou não enraizados, no fundo dos tanques. Podem ou não estar totalmente submersas e algumas flutuam sobre a superfície da água e permanecem com as raízes submersas. Geralmente estão relacionadas com a presença de matéria orgânica na água.
De acordo com o hábito alimentar, pode-se dizer que as comunidades de um ecossistema aquacultural se relacionam como:
- Produtores: São o fitoplancton, macrófitas e fitobenthon. Utilizam a luz do sol, água e gás carbônico para, através da fotossíntese, produzir seu próprio alimento;
Consumidores Primários: São peixes herbívoros. Eles se alimentam dos organismos autotróficos (produtores);
- Consumidores Secundários: São peixes carnívoros. Estes se alimentam dos peixes herbívoros, larvas de insetos, insetos, etc.;
- Decompositores: São bactérias, fungos, algas, etc. Decompõe a matéria orgânica presentes no fundo dos tanques (folhas e raízes mortas, esterco, restos de peixes, etc.) e reciclam nutrientes.
O conhecimento do sistema aquático passa obrigatoriamente pelo estudo das comunidades que o compõe.
 “Independentemente das condições topográficas, tamanho do terreno, tipo de solo, o que vai definir o modelo de piscicultura e o melhor sistema de criação a ser implantado é a quantidade e a qualidade da água." (Huet, 1978)
A água é o composto considerado como a essência do planeta e domina por completo a composição química dos seres vivos, além de ser o meio onde vivem os peixes. Uma água boa para o pescado nem sempre é uma água boa parar bebermos. Ela deve conter uma série de componentes na medida certa. A produção de um viveiro está diretamente relacionada com a qualidade da água que o abastece.
A seguir apresenta-se uma descrição dos principais fatores abióticos da água que geram efeitos sobre a vida aquática, e suas interações:
Temperatura - A temperatura da água é um dos principais fatores que afetam o desenvolvimento e a vida dos peixes. Reprodução, alimentação, defesa imunológica, etc., estão intimamente ligadas à temperatura da água. Isso porque os peixes são animais ectodérmicos, isto é, a temperatura do seu corpo é influenciada pelo ambiente. Existem temperaturas ideais para alimentação, reprodução, resistência a doenças para cada grupo de peixes. Outra importância é que os níveis de oxigênio dissolvido (OD) tem uma relação inversamente proporcional ao aumento da temperatura, ou seja, quanto mais subir a temperatura da água menor será a quantidade de OD disponível para os animais.
Transparência - A transparência é uma medida diretamente relacionada com a quantidade de matéria orgânica, plâncton, materiais em suspensão decorrentes das chuvas, etc., presente na água. Quando a transparência está relacionada a partículas de argila e silte em suspensão a água fica a água apresenta uma coloração na cor de café (água barrenta). No caso de estar relacionada a excesso de plâncton a água apresenta coloração esverdeada.
O estabelecimento de uma transparência ideal para piscicultura é muito difícil, mas está comumente ente 40 a 60 cm. Tanques muito transparentes (mais de 60 cm) favorecem o desenvolvimento de macrófitas. Já a transparência menor de 40 cm indica excesso de matéria orgânica e conseqüente diminuição dos níveis de OD. Outro problema é o excesso de partículas de argila que grudam nas brânquias e causam problemas de respiração nos peixes.
Para medir a transparência da água utiliza-se o Disco de Secchi, que consiste em um disco de aproximadamente 20 cm de diâmetro divido em quatro partes iguais, sendo duas brancas e duas negras, dispostas alternadamente. Uma fita métrica é presa ao disco e este é mergulhado na água. Daí mede-se a profundidade máxima que o disco consegue ser visto com clareza.
Oxigênio dissolvido (OD) - O oxigênio é o gás mais importante para os peixes. As fontes de O2 são a atmosfera e a fotossíntese. Em ecossistemas aquáticos esse gás é consumido de diversas formas, como se segue: decomposição da matéria orgânica, respiração e oxidação de metais.
Sabendo-se da importância do OD para a piscicultura, o produtor deve se preocupar com esse fator de forma que o seu sucesso estará diretamente ligado ao seu esforço no seu controle. Assim sendo, antes de se iniciar uma piscicultura deve-se observar se há quantidade de água suficiente, e de qualidade, caso contrário o produtor deverá lançar mão de artifícios para controlar o O2, como por exemplo, o uso de aeradores, oxigenadores, filtros biológicos, etc.
O horário ideal para controle dos níveis de OD é logo pela manhã, pois durante a noite todos os organismos do viveiro (peixes, algas, microrganismos, plâncton, etc.) consomem O2. Portanto, é nas primeiras horas da manhã que a concentração de OD se encontra crítica, o que pode ocasionar problemas crônicos nos peixes e até a morte.
Gás Carbônico - É um gás que apresenta uma grande importância para o meio aquático. Esse gás pode causar problemas para a piscicultura, no entanto, seus efeitos mais deletérios estão relacionados com problemas de asfixia que pode provocar.
Considerando-se os processos naturais no ambiente, altas concentrações de CO2 ocorrem, particularmente, em tanques após morte maciça de fitoplâncton ou em dias nublados.
Potencial Hidrogeniônico - pH é definido como uma medida que expressa a acidez ou a alcalinidade de uma solução e, além de ser influenciado pelas concentrações de íons H+ e OH-, também é afetada fortemente por sais, ácidos e bases que ocorram no meio.
Os peixes geralmente vivem em pH na faixa de 5,0 a 9,5, mas o melhor para a piscicultura tropical é pH na faixa de 7,0 a 8,0 (neutro ou ligeiramente alcalino). Mas o mais importante é que a maioria dos peixes não sobrevive a grandes variações de pH, mesmo que o valor absoluto não saia da faixa de tolerância. Ex.: variação brusca de 8,5 a 6,5 pode ser fatal.
O pH varia em função de uma série de fatores e, por isso, é recomendável monitorá-lo sempre. Fatores como excesso de algas, vegetais e fitoplâncton provocam acidificação da água. Excesso de ração ou mesmo estresse dos peixes provocará aumento acentuado de liberação de amônia, o que também irá acidificar o meio.
Alcalinidade - É capacidade da água de neutralizar ácidos. Refere-se a concentração total de sais na água, sendo expressa em equivalentes de carbonato de cálcio (CaCO3), bicarbonato (HCO3), hidroxila (OH), sais orgânicos entre outros que são capazes de neutralizar íons H+. Para tanques de piscicultura são desejáveis valores de alcalinidade acima 20mg/l, sendo que valores entre 200 a 300mg/l são os mais indicados.
Dureza na água - Grosseiramente a dureza da água pode ser definida como sua capacidade de resistir as mudanças de pH durante o transcorrer do dia. É importante dizer que de correlacionadas, dureza e alcalinidade, não significa que sempre que tivermos uma água muito alcalina ela terá alta dureza.
Condutividade elétrica - É a medida direta da quantidade de íons na água (teor de sais na água). Alto valor de condutividade significa altas taxas de decomposição de matéria orgânica e isso é um parâmetro para quantidade de nutrientes disponíveis ou mesmo indício de problemas com poluição da água. Os valores desejáveis para criação de peixes ficam entre 20 e 100m/cm.
Fósforo - Este elemento pode originar-se do intemperismo de rochas, excreta de animais, detergentes e de fertilizantes químicos. Sua importância para o ambiente aquático está no fato de armazenar energia (ATP), faz parte da estrutura da membrana celular e é o fator limitante do desenvolvimento dos organismos produtores primários. Ele é responsável pela eutrofização natural da água. O Fósforo orgânico ou inorgânico pode apresentar-se na forma solúvel.
Enxofre - O enxofre pode apresentar-se sob diversas maneiras. Dessas, as mais comuns são o íon sulfato e o gás sulfídrico, sendo a primeira forma a mais importante para os organismos produtores. Em condições drásticas de queda do teor de OD na água, o gás sulfídrico formado pela ação dos decompositores, acumula-se na porção mais profunda do viveiro causando a morte dos organismos que ocupam esta parte do tanque.
Nitrogênio - O nitrogênio se origina de aportes fluviais e lençóis freáticos, da decomposição da matéria orgânica e da fixação biológica. Esse elemento também ocorre sob várias formas, porém as mais importantes são o N2 amoniacal (NH3/ NH4+) e sob a forma de nitratos e nitritos (NO2- e NO3-, respectivamente). A maior vantagem da assimilação do amônio é que o mesmo pode transformar-se em amônia não ionizada que é um gás tóxico aos animais em altas concentrações.
SISTEMAS DE CULTIVO

Existem diversos sistemas de criação de peixes hoje em dia. A escolha de um deles, ao se iniciar uma piscicultura, vai depender de fatores como: tamanho do investimento que se deseja empregar, disponibilidade de materiais, produtividade esperada, tecnologia, entre outros. Os sistemas mais utilizados são:

Sistema Extensivo

Este sistema se caracteriza por ser realizado em represas construídas utilizando a declividade do terreno, apenas barrando a água, ou em lagos naturais, não havendo a intenção de esgotar totalmente a água nem tão pouco a introdução de espécies exóticas à região. Essa condição é encontrada na maioria das propriedades rurais do Brasil, nas quais essa coleção de água ainda serve de bebedouro para outros animais, para lazer ou subsistência do proprietário e raramente é explorada no aspecto econômico. Quando se encontra essa situação pode-se obter uma produção anual de 200 a 400 kg de pescados por hectare de área alagada. Deve-se dizer que essa produção será afetada pelas condições climáticas e geográficas da região e pela qualidade da água.
Sistema Semi-Intensivo
É o mais difundido no mundo todo. No Brasil, esse sistema é encontrado em mais de 95% das pisciculturas e se caracteriza pela maximização da produção de alimento natural (fito e zooplâncton, bentos e macrofilas) para servir como principal fonte de alimento dos peixes. Outra restrição é que a alimentação de água do viveiro deve somente para repor a água perdida por evaporação e infiltração, sem que ocorra renovação. Isso porque a adubação dos viveiros implica em custos, e a renovação de água, por sua vez, implica em perda desses nutrientes.
Construção dos viveiros: a construção é planejada, e utilizam-se máquinas para escavar o viveiro, o qual deve apresentar uma declividade que possa proporcionar o total escoamento da água e facilitar a despesca. A profundidade do viveiro varia em torno de 1m, porém é desejável que possua, no mínimo, 70 cm de coluna d'água, pois é nessa faixa que ocorre fotossíntese com maior intensidade.
Adubação dos viveiros: para que se possa maximizar a produção de alimento natural, devemos realizar um aporte de minerais que pode ser feito com adubos orgânicos (esterco de bovinos, suínos, eqüinos, etc.) ou químicos (fontes de N e P).
Espécies a serem criadas: esse sistema de cultivo favorece a criação de espécies com diferentes hábitos alimentares, aproveitando todos os níveis tróficos do ambiente. Ex: podem ser criadas juntas a carpa capim (herbívora), a carpa comum (bentófaga), o pacu e o tambaqui (onívoros).
Alimentação: como não ocorre renovação da água dos tanques e ocorre uma adubação periódica do viveiro, o fornecimento de alimento artificial (ração) não deve ultrapassar o limite de 50 kg/ha/dia. Caso isso ocorra, o ambiente não conseguirá reciclar todo esse material e o consumo de oxigênio pelos organismos decompositores aumentará, acarretando na morte dos peixes por falta de oxigênio dissolvido na água.

Sistema Intensivo
Esse sistema é aplicado para espécies que podem ser criadas em monocultivo (uma só espécie), que aceitam bem o alimento artificial (ração) e que possuem tamanho de mercado abaixo de 1 kg.
Viveiros: Tal qual no semi-intensivo os viveiros são planejados, escavados com máquinas e possuem declividade para facilitar o escoamento da água e despesca dos animais. A diferença está na alimentação de água que deve promover a renovação da água, para suportar a biomassa de pescado estocada e carrear as excretas para fora.
Densidade: dependendo da disponibilidade e da qualidade da água pode-se estocar entre 1 a 10 peixes por m2. O fluxo de água é controlado para manter, no mínimo, um teor de oxigênio dissolvido (OD) de 3ppm.
Alimentação: como a densidade de peixes por m2 é alta, o alimento natural não é capaz de manter sozinho o desenvolvimento completo dos animais. Portanto se faz necessário o fornecimento de um ração completa. Essa, por sua vez, deve se apresentar em forma de comprimidos prensados ou extrusados, onde se deseja uma estabilidade do mesmo de, pelo menos, 10min na água. Nessas condições de criação, a freqüência e o tipo de alimentador (a lanço ou automático), vão depender da disponibilidade de mão de obra, do tipo de ração e do objetivo da exploração. Sempre que possível deve-se fornecer ração à vontade aos peixes, e o tratador deve observar o consumo, evitando assim o desperdício, através da fixação da quantidade de ração em relação ao peso vivo dos animais

Sistema Super Intensivo

No desenvolvimento da criação de peixes uma importância considerada para um aumento de produção é dado na utilização máxima dos recursos de água disponíveis. Como inovação, a construção dos chamados sistemas de fluxo contínuo, a área de lâmia de água passa a não ser importante e sim a quantidade de água como fator limitante na produção. Nesse sistema os peixes são estocados em alta densidade em um longo tanque que exige um contínuo fluxo de água, que garante para o pescado um suficiente suplemento de OD, e elimina os dejetos metabólicos. Aqui a densidade de estocagem não é considerada por unidade por m2 e sim biomassa por m3.
Viveiros: devem ser de alvenaria, construídos para facilitar a saída das excretas através do fluxo de água.
Alimentação: as condições desse sistema favorecem a alimentação pelo fornecimento de ração completa. Pode-se usar um alimentador automático, pois a concentração facilita o fornecimento da ração.
Densidade: a biomassa por m3 supracitada depende da espécie que se deseja criar, pois cada uma delas apresenta comportamento e metabolismo diferentes. Por exemplo, o pacu criado nessas condições suporta uma densidade de até 35 kg/m3, sem alterar seu desenvolvimento. Já o matrinchã aceita uma biomassa de no máximo 15 kg/m3. Nesses limites para essas duas espécies a taxa de renovação de água está em uma renovação a cada 30 a 40min, sempre mantendo uma teor de OD na saída do tanque de 3ppm.

Sistema de Tanques-Rede

Também conhecidos como gaiolas, esse sistema refere-se a um tipo de unidade de criação feita de tela, geralmente nas formas retangular ou circular, aberta no topo e flutuando na superfície. A gaiola é mantida na superfície através do uso de flutuadores ajustados. Os tanques-rede são utilizados em locais onde é difícil o escoamento total da água e não se consegue controlar bem o ambiente de criação. Ex.: represas, lagoas e braços de rio.

Vantagens de se criar pescados em tanques-rede ou gaiolas:
- Os tanques-rede podem ser utilizados em diversos curós d'água como remansos, grandes reservatórios públicos, lagos, canais de irrigação, etc.
- Devido à alta densidade de estocagem num pequeno espaço, fica facilitada a observação dos animais e uma intervenção imediata caso necessário.
- A despesca é mais simples e rápida.
- O investimento inicial é 30 a 40% do investimento de um sistema convencional em viveiros;
- O manejo é simples e de fácil entendimento. Pouca mão de obra é necessária visto que um homem sozinho pode cuidar de até 40 gaiolas.
Naturalmente têm-se certas desvantagens:
- A contribuição do alimento natural está totalmente fora da dieta dos peixes. Isso quer dizer que o proprietário terá custos maiores com a aquisição de ração completa.
- Por causa da alta densidade os peixes estão mais suscetíveis a doenças e infecções e são mais sensíveis a diminuição do OD.
- Se as gaiolas forem de 1m3 para produção mais elevada, necessitará de maior número de trabalhadores contratados.
INSTALAÇÕES
A escolha do local para as instalações da aqüicultura é de fundamental importância. Bem como pode ser considerado o processo mais dinâmico juntamente com a definição do objetivo da cultura.


Os viveiros podem ter diversas finalidades, como reprodução, alevinagem, e engorda, mas, sem duvida sua construção trata se da etapa mais onerosa de todo o processo de implantação das culturas.

Escolha do Local

O local escolhido para construção dos viveiros deva atender a algumas exigências que viabilizem o empreendimento. O primeiro fator é o custo da terra e se esta poderia ser utilizada para outras atividades mais rentáveis. A qualidade e a quantidade água disponíveis para o projeto é outro fator determinante na escolha do local, levando-se em consideração, aspectos de avaliação quantitativa e qualitativa, como vazão para engorda em torno de 10 l/segundo/ha. Determinando o sistema de cultivo e as características físicas e químicas da água.
Os tanques podem ser de terra (escavados ou com levantamento de barragens) e de alvenaria. Devem apresentar condições próximas as naturais dos peixes. Nos tanques escavados as paredes devem apresentar inclinação de 45o e as bordas devem ser grossos para evitar desmoronamento.
Para o sistema semi-intensivo, os viveiros são semi-escavados na terra, seguindo-se uma boa compactação do fundo e dos tanques. Deve-se prever a limpeza superficial da área, com eliminação de tocos, pedras e camada vegetal, antes do estaqueamento para marcação dos viveiros.
Na criação intensiva os viveiros são escavados, dando-se preferência a solos com declive de até 5% (ótimo de 0,2 a 1,0%) não sendo aconselháveis terrenos com mais de 12% de declividade, pois se tornam necessárias medidas de segurança como curvas de nível, cordões verdes, etc., para evitar erosão e assoreamento.
No sistema superintensivo os tanques não devem exceder os 400 m2, podendo ser gaiolas flutuantes ou tanques de concreto.
Quanto ao tipo de solo, de modo geral, são preferenciais aqueles que não permitem infiltrações excessivas, ou seja, solo não permeável, para que não haja perda de água. Os solos excessivamente argilosos, não são ideais, devido ao encharcamento compactação e rachamento; podendo ser utilizados com restrições.
Derivação
A derivação das águas deverá ser do tipo individual e paralela, ou seja, a água que entra em viveiro é posteriormente eliminada, sem que esta seja aproveitada em outro viveiro subseqüente.
Dimensões
O tamanho dos viveiros deverá ser calculado de acordo com a natureza de cada projeto, em função do sistema de cultivo e topografia do terreno. Viveiros de grande porte são recomendados para obtenção de bons resultados, os com áreas entre 1000 e 5000 m2 são os mais utilizados em projetos de natureza comercial. A forma retangular é a mais adequada para o manejo, na proporção máxima de 3:1 (comprimento: largura).
Profundidade
A contar da lâmina d'água até o fundo do viveiro, a profundidade deverá ser de 1,00m no ponto de abastecimento e declinar até 1,50m no ponto de drenagem. Deve-se prever no mínimo 30 cm de porção emersa nos taludes.
Sistema de abastecimento
O transporte da água dos viveiros poderá ser efetuado por canalizações fechadas ou a céu aberto, através de canais escavados na terra, revestidos ou não com lonas plásticas ou, também, através de canais construídos em alvenaria.
Vertedouros
A água deverá abastecer os viveiros, na sua porção superficial, através de canos posicionados ao meio do talude, a uma altura mínima de 30 cm acima da lamina d'água. O controle da quantidade de água poderá ser efetuado através de registros de gaveta ou por caixas tipo comporta.
Sistema de drenagem
Comporta tipo monge
Construída em concreto ou alvenaria e instalada no meio da porção final do viveiro. Tal aparato irá contribuir para regular a altura d'água no viveiro, possibilitando a drenagem constante na porção inferior, sem prejudicar o nível de profundidade.
Para facilitar o manejo durante a drenagem total dos viveiros, deve-se construir um platô de drenagem (calçada de concreto com 7 cm de espessura instalada à frente do monge).
Canal de drenagem
O cano de descarga do monge deverá atravessar o talude na sua porção inferior, despejando a água da drenagem em um canal, que irá conduzi-la para um ponto de despejo em nível inferior dos viveiros, deverá ser escavado na terra e protegido, nos pontos de drenagem, por revestimento em concreto.

PREPARO DOS TANQUES

A correção e adubação dos viveiros devem atender as exigências e recomendações das análises.
Calagem
Operação promovida para corrigir a acidez do solo e água dos viveiros. Antecede a adubação e deve ser feita com o viveiro vazio. Eleva as reservas alcalinas favorecendo a produção de plânctons. Podem ser utilizados, para a calagem, a cal virgem, a cal hidratada ou o calcário agrícola. Também pode combater as plantas aquáticas daninhas, usadas como forma de expurgo dos tanques/viveiros.
Adubação
Sua finalidade é aumentar o desenvolvimento do plâncton.

Adubação química

Os mais recomendados são aqueles que visam corrigir as deficiências de fósforo e nitrogênio (elementos mais deficientes nas águas). Os mais usados são:
SS/S Triplo = 10 - 20 kg/ha/mês
S.A. = 10 - 15 kg/ha/mês
KCL = 5 - 10 kg/ha/mês

Adubação orgânica

São mais recomendadas em função de sua maior disponibilidade e menor custo. As dosagens de aplicação variam de acordo com a espécie de peixe e tamanho. Espécies planctofagas necessitam de constante adubação para incentivar a produção de plâncton. Estercos curtidos além da função de adubação melhoram as propriedades físicas do solo. Para quando não se fornece rações, está se limitando naturalmente a quantidade de peixes que será produzida, mas por outro lado, está se reduzindo drasticamente os custos de produção, porém, isso não significa maior lucratividade.
Os estercos que podem ser utilizados são dejetos de outros animais, como por exemplo, esterco de gado, cavalo, suíno, ovelha ou até cama de frango.
As quantidades podem variar muito e fica muito difícil saber o quanto colocar, seria inviável fazer sempre análises de água ou do esterco utilizado, e teria que ser mesmo por uma técnica conhecida como tentativa e erro. Para facilitar ao produtor, vamos apresentar algumas estratégias de fertilização orgânica adotadas em piscicultura:
- bovino, cavalo e ovelha --> 1000 kg por ha/semana
- frango, pato e suíno --> de 600 a 800 kg por ha/semana
Vale lembrar que esses dados são para criações onde não se alimentam os peixes, mas sim, produz-se fitoplancton e zooplancton para que eles se alimentem.

MANEJO ALIMENTAR

Alimentação
É uma das principais variáveis para o sucesso de uma piscicultura e ou carcinicultura. Dependendo do sistema de cultivo a contribuição do alimento natural pode ser maior ou menor, mas além de poder ser veículo de doenças e deteriorar-se com rapidez não se tem controle de seu valor nutritivo.
A alimentação artificial deve ser feita para suprir todas as exigências nutricionais da espécie cultivada e varia de acordo com a espécie criada.
Necessidade alimentar
Para os camarões as maiores quantidades de alimento necessitadas são os compostos produtores de energia na forma de carboidratos, lipídeos e, em menor extensão, proteínas, vitaminas e sais minerais, elementos específicos de crescimento, são necessários em quantidades diárias mínimas.
Os peixes comem alimentos diferentes, segundo a espécie a ser considerada, por ser pecilotérmico, o peixe come mais à medida que a temperatura aumenta. Ainda não são conhecidas as necessidades nutricionais exatas dos peixes, mas, sabe-se que uma boa ração deverá conter proteínas (principal componente das células e tecidos), lipídeos (reserva de energia), aminoácidos essenciais (componentes da proteína), minerais (composição de escamas, ossos e carne) e vitaminas (facilitadoras da atividade metabólica e melhoram a nutrição do peixe).

Plano alimentar

É necessário elaborar um plano de alimentação que assegure um bom desenvolvimento com o menor custo possível e que controle o fornecimento adequado (em muitas ocasiões o alimento pode contribuir para o empobrecimento da qualidade do meio). A quantidade de alimento fornecida varia de acordo com o tamanho dos peixes e com a temperatura.


O alimento deve ser fornecido em intervalos regulares, nos mesmos horários (verificar oxigênio dissolvido) e mesmo local, para que seja criado um condicionamento.
Peso do peixe (g) Alimentação diária (% do peso vivo)
50 12%
50 - 200 6%
200-800 3%
800-2000 2%
Para larvas o alimento é natural
Forma e fornecimento da ração
As rações podem ser produzidas em formas trituradas fareladas; granulada ou peletizada; pastosa e extrusada, sendo as duas últimas as que proporcionam melhores respostas produtivas.
Podemos também observar o hábito alimentar dos peixes, se ele é de fundo, meia água ou prefere viver na superfície, portanto, observar o tipo de ração a ser oferecida.
A temperatura da água também influencia no consumo, por exemplo, águas mais frias, menos quantidade de ração, e também o peso corpóreo dos animais e a espécie a ser criada influenciam no número de arraçoamento diário.
As rações podem ser fornecidas através de cochos submersos, por meio da biomassa estocada ou alimentadores automáticos.
Cochos submersos

Permitem a dosagem exata de acordo com o consumo, mas, em contrapartida, promovem a diluição dos nutrientes pela água.
Biomassa estocada
Lançamento da ração sobre o viveiro, que é reajustada semanalmente conforme a variação de peso dos peixes, realizada por meio de uma amostragem do peso dos peixes estocados.
Alimentadores automáticos
Existem os regulados por timer e os que funcionam acionados pelo próprio peixe, conforme sua fome fica instalado acima do viveiro. As taxas e a freqüência de alimentação depende, dentre outras, da espécie, da temperatura da água e da quantidade de oxigênio dissolvido.
ENGORDA

Aquisição de alevinos

Os alevinos adquiridos devem ter qualidades genéticas e ausência de doenças. O transporte dos alevinos deve ser feito seguindo as seguintes recomendações:
- Efetuados em dias não muito quentes;
- Estocagem de 50 gr. de peixe por litro de água;
- Usar sacos plásticos resistentes 90 X 40 cm com aproximadamente 5 litros de água e 15 litros de oxigênio.
Os peixes devem ficar em jejum de 24 horas antes do transporte. Além da qualidade e procedência dos alevinos, outro fator de grande importância na compra dos alevinos é o tamanho. Recomenda-se a compra de alevinos com 5 a 6 cm de comprimento, pois quanto menor o alevino menor resistência em relação à obtenção de alimentos, defesa contra predadores, resistência a mudanças climáticas e outras.
Deve-se proceder à soltura dos alevinos nos tanques obedecendo-se à igualdade de temperatura das águas do tanque e dos sacos transportadores, colocando estes embalados na água por um período de 15 minutos, suficientes para que as águas tenham temperaturas igualadas.
Controle de predadores
Deve-se controlar a entrada de água no viveiro. Pode ser feito com telas excluidoras ou filtro de areia e britas para desinfecção do viveiro, deve ser esvaziado regularmente com tratamento de cal virgem ou hidratada.
Existem também tratamentos químicos de desinfecção para eliminação de peixes e alevinos indesejáveis.

Controle da criação

Para um eficiente controle da criação de peixes, é necessário acompanhar diariamente parâmetros que influem diretamente no desenvolvimento da cultura como temperatura, oxigênio dissolvido e sólidos em suspensão, consumo de ração, taxas de fertilização e conversão alimentar medida através de amostragem da biometria dos peixes.
Pré engorda de alevinos
Técnica que permite melhor controle das condições de manejo e crescimento dos peixes. Faz-se em tanques de 200 a 1000 m2. Soltam-se os alevinos em densidade inferior a 12 alevinos por metro quadrado de viveiros (permite controlar melhor a alimentação). Os viveiros devem ser cheios somente alguns dias antes da chegada dos alevinos. A engorda varia de 60 a 90 dias e os peixes são retirados com 50 - 70 g de peso.

A engorda

Estágio em que o peixe deverá converter todo seu potencial genético em forma de crescimento. Irão competir por alimento, e oxigênio e se defrontará com problemas como a liberação de amônia e outros dejetos na água (por isso é que há a necessidade de renovação de água no viveiro).
Na engorda deve-se dimensionar a densidade populacional e a produtividade esperada. O manejo deve obedecer aos índices adequados de oxigenação, nitratos e nitritos e amônia dos viveiros que dependem das condições naturais de cada profundidade, da alimentação fornecida e da capacidade e quantidade do manancial de abastecimento.
O cálculo do fornecimento de ração deve obedecer a amostragens quinzenais ou semanais do peso médio dos peixes.
Alguns aspectos devem ser observados para fazer com que seus peixes cresçam com maior velocidade, então, preste atenção em alguns fatores, como por exemplo:
- densidade de estoque adequada;
- alimentação de boa qualidade e quantidade correta;
- temperatura adequada da água do viveiro;
- boa qualidade de água;
- bom sistema de prevenção de doenças;
- boa genética dos animais.

POVOAMENTO DOS TANQUES

Dentre as muitas espécies existentes, na hora de se escolher que peixe criar alguns fatores como sistema de criação e região da piscicultura devem ser levados em conta. Deve-se fazer uma análise biológica e outra econômica antes de se iniciar um projeto novo. Destacamos mais alguns aspectos que devem ser considerados na escolha da espécie a ser criada:
A espécie deve ser facilmente propagáveis, natural ou artificialmente, isto é, poder produzir anualmente um grande número de alevinos.
A espécie deve tolerar as condições máximas e mínimas do ambiente;
A espécie deve ser de crescimento rápido e ter auto poder de conversão alimentar;
Os alevinos devem estar disponíveis o ano todo, ou na maior parte do ano, com garantia de entrega de no mínimo para os próximos cinco anos;
O alimento requerido deve estar disponível com custo compatível ao do empreendimento;
A espécie deve ter aceitação no mercado com preço competitivo;
Deve ser uma espécie com resistência ao manejo de rotina e a enfermidades mais comuns;

Espécies cultivadas

Carpas (Ciprynos carpia)
As mais cultivadas são as húngaras, que são espécies melhoradas das Carpas escama e espelho. Destacam-se as chinesas: Capim, Prateada e a Cabeça grande.
É peixe de fundo (exceto as chinesas) e de águas lenticas. Sua maturidade sexual se dá entre 8 e 12 meses. Seu ganho de peso está em torno de 1 a 1,2 Kg/ano.
São os peixes que melhor toleram as diferentes amplitudes climáticas, sobrevivendo de OºC a 4ºC.
Bagre Africano ou Clarias (Clarias lazarea)
Peixe de couro de origem africana. É extremamente resistente e chega a ganhar uma média de 2,5 kg/ano. Vem se popularizando em viveiros pôr resistir a baixos níveis de oxigenação na água, pois pode sobreviver e deslocar-se, ficando tora da água pôr longos períodos respirando ar atmosférico através de pseudopulmões. Hábito alimentar carnívoro, mas aceita bem o arraçoamento (com farinha de carne ou peixe, vísceras de frangos ou restos de matadouro). Tem carne avermelhada e com pouca gordura, com bom rendimento de filé. Atinge a maturidade sexual com nove meses de idade, mas sua reprodução tem que ser induzida. O IBAMA proíbe seu cultivo - e também o do bagre do canal (catfish) em boa parte do território brasileiro. Para cultivar esta espécie, portanto, é fundamental consultar o Instituto na região em que se pretende implantar o cativeiro.
Curimbatá (Prochilodus scrofa)
Também chamado de curimba, corumbatá, grumatá, curimatá ou curimatá, é um peixe muito conhecido do Rio Grande do Sul até o Nordeste do país. Um peixe de fundo que cresce melhor em viveiros grandes podendo atingir até 800 gramas no primeiro ano. Têm hábito alimentar iliófago, isto é uma espécie de fundo de tanque. No policultivo, onde é utilizado como espécie secundária, sua função é remover o lodo, liberando os gases tóxicos e colocando a matéria orgânica em suspensão, o que ajuda a adubar os tanques. Sua vantagem de cultivo é o uso de pouca ração.
Pacu (Piaractus mesopotamicus)
Peixe rústico, precoce e de carne excelente. Chega a ganhar 1,5 kg/ano. Hábito alimentar onívoro. Vive bem em temperaturas elevadas acima de 25oC. Não suporta mudanças bruscas de temperaturas (3 a 4ºC).
Piauçu (Leporinus piau) e piapara (Leporinus piapara)
Recém introduzidos em criatórios. São peixes esportivos. Ganho de peso satisfatório, cerca de 800 g/ano.

Tambaqui
Hábito alimentar onívoro. Rústico e de excelente carne, apresenta bom crescimento e não suporta frio.

Tambacú
Resultado do cruzamento da fêmea do Tambaqui com o macho do Pacu. Animal rústico que visa reunir as características de maior resistência ao frio do Pacu com a excelente qualidade da carne e bom crescimento do Tambaqui.

Tilápia do Nilo
Entre as várias espécies existentes, esta é a mais utilizada para o cultivo, pôr apresentar um melhor desempenho, principalmente os machos. É um peixe africano muito rústico e com carne saborosa. Possui hábito alimentar planctófago e detritívoro, alimentando-se, em primeiro lugar, do plâncton e em menor proporção de detritos orgânicos, aceita bem rações artificiais. Atinge cerca de 400 gramas a 600 gramas no período de seis a oito meses de cultivo. É também utilizado como peixe forrageiro, servindo de alimento na criação de peixes carnívoros. A maior restrição ao seu cultivo é sua reprodução precoce, a partir de quatro meses de idade, o que gera o superpovoamento de tanques. Este problema pode ser contornado com a utilização apenas de alevinos machos, sexados manualmente ou revertidos através de hormônios sexuais, que são facilmente encontrados em vários fornecedores de alevinos. Para engorda deve-se escolher as Tilápias revertidas sexualmente, pois o macho apresenta o dobro da fêmea. Cresce até 1 kg/ano e pode chegar a 6 Kg de peso. Carne boa para filé. Peso comercial de 500 g além de ser resistente a baixas temperaturas e baixos teores de O2 dissolvidos na água.
Camarão-da-Malásia (Macrobrachium rosembergii)
Espécie adaptada à engorda em cativeiros no Brasil. Cresce bem com temperaturas entre 25ºC e 28ºC, em regiões mais quentes pode apresentar 2 safras/ano. Tamanho comercial médio de 30 gramas, atingindo em 6 meses de cultivo. Em sistema de cultivo de alta tecnologia chega a produtividade de 3000Kg/baiano.
Algumas plantas cultivadas na aqüicultura

Aguapé
Utilizada em ração animal e na lavoura como adubo verde composto ou cobertura para culturas. Fornece excelente produção de biogás e substitui lenha em caldeiras. Na água, controla eficientemente a proliferação de algas e atua como filtro purificando efluentes industriais e de esgotos.

Erva de pato
Rápida proliferação e serve para tratamento de águas alimentação humana e animal, pois contem proteínas e ácidos aminados

Vime
Rústico, pouco exigente. Utilizado para artesanato, produção de celulose, papel, fibras, derivados químicos e artigos do gênero.

Spirulinas
Algas microscópicas que formam agregados e podem ser usadas como alimento.

Anabela azolla
Através da fotossíntese provoca a liberação do hidrogênio da água e também tem a capacidade de fixar o nitrogênio do ar.

COMÉRCIO E INVESTIMENTO
Na aqüicultura o cultivo com finalidade comercial deve atender todos os requisitos de demanda do mercado, conforme outros produtos, como a qualidade e distribuição. Há de se preparar para vencer o desafio da comercialização do pescado in natura (evisceramento, caeiro, espinhas, nadadeiras, etc.) com marketing voltado para alternativas como venda do produto filetado, fish burguer, vivos a restaurantes e hotéis e dos pesque-pagues.
Viabilidade econômica de projetos da aqüicultura
Projetos de produção comercial devem ser adotados de acordo com as condições técnicas, logísticas e financeiras exigidas.

Investimento
Os investimentos iniciais dependem diretamente do sistema de criação adotado. A maior parte dos custos (80%) é gerada pelos serviços de terraplanagem e escavações dos viveiros. Na aquisição de máquinas e equipamentos o restante (20%). Em média, pode-se considerar um investimento inicial na faixa de 10 a 15 mil dólares por hectare de projeto instalado.
Custeio
A aquisição de alevinos e/ou pós-larvas e ração representam a maior parte dos custos operacionais. A mão de obra e outros insumos, além dos gastos com energia elétrica, combustível, etc., incidem em valores mínimos para se produzir 1 kg de camarão o produtor gasta 5 dólares e 0,79 para 1 kg de peixe.

Receita
Dependendo do padrão alcançado, o produto pode ter menor ou maior preço, mas, de modo geral, verifica-se que o produtor atinge uma margem de lucro bruto acima dos 100%. Tais taxas de rendimento destacam a atividade da aqüicultura como um investimento comercial altamente rentável, observando-se o retorno do capital investido em aproximadamente três anos.

MANEJO SANITÁRIO
A sanidade dos peixes em cultivo deve ser trabalhada preventivamente, pois grande parte das doenças, depois de instalada no criatório, é de difícil controle.
Os dois maiores problemas com doenças em peixes referem se a temperatura e stress. No cultivo de camarões a qualidade da água e manejo adequado, não oferecem riscos com doenças. O ataque de organismos patogênicos é extremamente raro.
Argulose (argulos japonicum) piolho de peixe
São copepodos achatados que medem de 3 a 8mm. Uma infestação forte geralmente é fatal. Controle feito com organo-fosforados a cada 24 horas.
Costíase (costia necatrix)
Doença de véu ataca na maioria das vezes alevinos com crescimento retardado. Sintomas: cobertura tipo véu nas nadadeiras, pele e brânquias, muco nas guelras. Tratamento: solução de 25% de NaCl durante 15 a 20 minutos ou formol em 1:5000 (20 ml de formol a 40% por 100 ml de água) durante 45 minutos.
Girodactilose (gyrodactylidae)
Parasitose que tornam os peixes com cor pálida, corpo coberto por muco e nadadeiras quebradiças. A mortandade entre alevinos e juvenis pode ser alta. Controle: Formalina a 0,1% ou Mebenda zole.
Ictioftiríase (Ichthyophthirius multifiliis)
Parasitose de difícil controle capaz de infestar diversas espécies de peixes. Sintomas: Pontos brancos espalhados pela pele. Controle: Verde de malaquita a 0,1 mg/litro durante 24 horas, repetindo-se com freqüência.

Saproleniose
Afeta peixes de todas as idades. Pode ser causada pelo excesso de matéria orgânica. Sintoma: massa esbranquiçada cobrindo parcialmente o corpo do peixe. Controle: banho com azul de metileno ou verde de malaquita a 1,0 mg/litro/24 horas.

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